"Quem vigia os vigilantes?"
Essa frase atribuída a Juvenal, poeta romano do século IV d.C., trás a definição exata do que o autor George Orwell tenta nos mostrar em sua obra "Revolução dos Bichos" (Animal Farm, no original), uma crítica aos regimes totalitários. Essa obra escrita em 1944, transpõe as falhas presentes na aplicação do socialismo real, na União Soviética, aplicado pelo dirigente soviético Josef Stalin, para uma fazenda localizada no interior da Inglaterra.
Essa frase atribuída a Juvenal, poeta romano do século IV d.C., trás a definição exata do que o autor George Orwell tenta nos mostrar em sua obra "Revolução dos Bichos" (Animal Farm, no original), uma crítica aos regimes totalitários. Essa obra escrita em 1944, transpõe as falhas presentes na aplicação do socialismo real, na União Soviética, aplicado pelo dirigente soviético Josef Stalin, para uma fazenda localizada no interior da Inglaterra.
Vocês devem estar se perguntando, "ah, mas será que é válida a opinião de um inglês sobre o regime soviético às vésperas da Guerra Fria?". Nesse caso é extremamente válido, sim. Considerando a história do autor que era adepto das ideias trotskistas e lutou ao lado das tropas de orientação comunista, durante a Guerra Civil Espanhola (lutou ao lado do POUM - Partido Operário de Unificação Marxista), é correto afirmar que a opinião de Orwell se apresenta de forma pouco tendenciosa. De fato, a crítica feita pelo autor se dá devido a sua insatisfação por conta das práticas realizadas pelo regime Stalinista, que divergiam da aplicação do socialismo científico.
Na obra, os animais da fazenda do sr. Jones se rebelam contra a exploração e os relativos maus tratos cometidos pelos homens, e a exploração a qual eram submetidos, representada através da alienação do fruto do seu trabalho. Diante disso, incitados pelas ideias do porco conhecido como Velho Major, devido ao intelecto superior apresentado pelos indivíduos da mesma espécie, os animais da fazendo resolvem se rebelar contra a dominação dos "seres que se apoiam em duas pernas" (humanos), sob a bandeira da igualdade entre os animais e a ruptura total e irrestrita de relações com os homens.
No entanto, com o passar do tempo, mesmo sem a intervenção dos seres humanos na fazenda percebe-se o surgimento de uma elite formada pelos porcos, perante os demais animais. Essa elitização, em um primeiro momento se mostra através de assuntos de pouca importância, como pequenas concessões em termos de alimentos, como leite e maçãs, em favor dos suínos, mas ao longo de pouco tempo a luta pelo poder se faz presente entre a própria "elite suína".
Os dois porcos que lideravam os animais, Bola-de-Neve e Napoleão, começam a divergir sobre os mais diversos assuntos, sendo a gota d'água a ideia proposta por Bola-de-Neve sobre a construção de um moinho que a longo prazo,supostamente, traria condições melhores de vida e uma jornada de trabalho reduzida a todos. No entanto, após um "golpe", Napoleão acaba por expulsar seu antigo companheiro, passando a impor sua vontade através da força, e posteriormente mudando as regras de acordo com sua conveniência, tornando inclusive a se reaproximar de seus antigos inimigos, os homens, e passando a adotar seu modo de vida, vindo a se "humanizar".
"Qualquer semelhança não é mera concidência!"
Ao longo da obra, o mote principal adotado pelo autor é a formação de regimes totalitários, sendo suas características constantemente revisitadas, tal qual o culto ao líder, a manipulação de informações, e a imposição de uma elite burocrática através do uso da força, entre outras.
Leitura indicadíssima para quem tem interesse em compreender de maneira bem humorada como são formulados e aplicados, em linhas gerais, os regimes totalitários ao longo da história.